- Violação dos direitos das mulheres indígenas (incluindo o fim da violência contra as mulheres, mas não limitado a este tópico)
- Empoderamento político e participação política das mulheres indígenas
- Direito à terra e processos de retomada
- Direito à saúde, educação e segurança
- Direito à tradição, cultura e diálogos inter-geracionais
- Direitos econômicos das mulheres indígenas
- Comunicação e processos de conhecimento
- Processos de resistência
- Sustentabilidade e financiamento
- Formulação de uma estratégia de incidência política nacional e internacional para os direitos dos povos indígenas liderada pelas mulheres indígenas
violação dos direitos das mulheres indígenas
incluindo o enfrentamento à violência contra a mulher, mas não se limitando a esse assunto
DEMANDAS
- Combate a violência doméstica, física, psicológica e moral;
- Ausência de atendimento e acompanhamento; dificuldade em fazer as denúncias; despreparo municipal: do Conselho Tutelar, Conselho de Mulheres, Departamento de Mulheres, Delegacias no atendimento as mulheres indígenas; ausência de proteção as vítimas, em casos como: estupros em mulheres e crianças nas aldeias;
- Igualdade de gênero (nas oportunidades de trabalho, nas comunidades, nas organizações indígenas, e nos cargos públicos – municipal, estadual e federal);
- Garantia ao acesso no sistema judiciário, e direito à justiça;
- Negação aos direitos das mulheres indígenas que vivem em contexto urbano;
- Combate a toda forma de violência e discriminação;
- Acesso à justiça, segurança pública, e políticas de assistência social e desenvolvimento;
- Dificuldade em ter acesso às informações para fazer denúncias;
- Violação da consulta, livre, prévia e informada (Convenção 169/OIT);
- Ausência de responsabilidade do governo em relação as violações de direitos das mulheres indígenas;
- Falta de visibilidade aos enfrentamentos de violações de direitos as mulheres indígenas;
- Opressão de liberdade de expressão, por indígenas que impõe sua liderança na comunidade;
- Racismo – Discriminação (nas cidades por não indígenas, principalmente nas escolas);
- Preconceito (dos homens na comunidade, e pela sociedade na cidade);
- Falta de proteção das defensoras indígenas de direitos humanos;
- Reconhecimento e valorização das mulheres indígenas “respeito por ser mulher”;
PROPOSTAS
- Garantir leis especificas e diferenciada para a mulher indígena em situações de violência e fornecer às mulheres indígenas capacitações e informações e sobre a rede de atendimento
às mulheres em situação de violência doméstica;
- Capacitar as mulheres indígenas para a realização de denúncias de violência doméstica;
- Garantir os serviços de proteção à mulher respeitando
a especifidade das mulheres indígenas e o acesso ao sistema
de implementação da Lei Maria da Penha;
- Discutir o modelo de aplicação da Lei Maria da Penha nas aldeias e terras indígenas, especialmente no caso de medidas protetivas;
- Levar as informações sobre a Lei Maria da Penha
e outros direitos das mulheres aos homens indígenas;
- Fornecer o atendimento das mulheres indígenas em suas próprias línguas no sistema judiciário.
- Combater o racismo institucional nos órgãos públicos;
- Difundir informações às mulheres indígenas sobre os direitos dos povos indígenas e sobre os direitos das mulheres;
- Capacitar as mulheres indígenas para que façam denúncias
de violações de direitos às polícias e ao Ministério Público;
- Criação de um estatuto de defesa dos direitos das mulheres indígenas, em articulação com as lideranças mulheres nas aldeias;
- Combater as redes de crime organizado de tráfico de pessoas
e prostituição que atuam nas regiões das terras indígenas.
- Combater o trafico de drogas dentro das Terras Indígenas.
empoderamento político e participação política das mulheres indígenas
DEMANDAS
- Intercâmbio entre as mulheres indígenas de lições aprendidas e boas práticas;
- Fortalecimento das capacidades das mulheres indígenas – Formação e capacitação política das mulheres indígenas;
- Apoio às lideranças para participação política;
- Garantia de participação das mulheres indígenas nos espaços de tomada de decisão;
- Mais interesse por parte das mulheres indígenas para processos de “formação política”;
- Processos de informação e comunicação entre a base e as organizações/movimento de mulheres indígenas;
- Apoio para intercâmbio de experiências com outros povos/mulheres/organizações para fortalecimento e incidência;
- Liberdade de expressão “direito de falar, participar, ter voz, ser ouvida” pela comunidade, e governo;
- Autonomia como mulher indígena, e para os movimentos e organizações de mulheres;
- Garantia ao acesso dos direitos, para fazer incidência;
- Empoderamento político das mulheres indígenas, iniciando dentro das bases/comunidades, (comprometimento em dar devolutiva, vai e volta);
- Garantia plena e efetiva das mulheres indígenas na construção de políticas públicas;
- Reuniões, seminários, assembleias para obter conhecimento das políticas públicas que envolve direitos dos povos indígenas e direitos das mulheres;
- Debater nas comunidades sobre as atribuições dos poderes legislativo, executivo e judiciário;
- Incentivo a participação das mulheres jovens nos debates políticos;
- Que as mulheres possam ser protagonistas da sua história, pela defesa de seus direitos indígenas;
- Envolvimento da comunidade, em especial as mulheres indígenas nas ações de conhecimento e informação dos direitos dos povos indígenas;
- Fortalecimento das capacidades das mulheres indígenas;
- Informação e acesso aos programas e benefícios sociais;
- Que as políticas públicas contemplem as especificidades dos povos indígenas;
PROPOSTAS
- Apoiar as lideranças para participação em espaços de incidência política locais, regionais, nacionais e internacionais;
- Garantir a participação de mulheres indígenas em espaços decisórios das três esferas governamentais;
- Incentivar a contratação de mulheres indígenas para trabalharem em processos de execução de políticas públicas para os povos indígenas;
- Fortalecer as capacidades das mulheres indígenas para a elaboração e gestão de projetos, assim como para o diálogo com órgãos do poder público;
- Garantir de participação das mulheres indígenas nos espaços das tomadas de decisões dentro de suas comunidades;
- Criar espaços de diálogo e troca de experiências entre a base e as organizações/movimento de mulheres indígenas;
- Apoiar o intercâmbio nacional e internacional de experiências com outros povos/mulheres/organizações;
- Promover a participação das mulheres indígenas na elaboração e execução de políticas públicas;
- Garantir a liberdade de expressão das mulheres indígenas, do “direito de falar, participar, ter voz, ser ouvida” pela comunidade e pelo poder público;
- Realizar reuniões, seminários e assembleias para a divulgação de informações sobre políticas públicas que envolvam os direitos dos povos e das mulheres indígenas;
- Promover atividades de formação de lideranças entre as mulheres jovens indígenas.
direito à terra e processos de retomada
DEMANDAS
- Participação plena e efetiva das mulheres indígenas em políticas públicas voltadas para sustentabilidade ambiental;
- Preocupação com os impactos dos empreendimentos nas terras indígenas;
- Identificação, Delimitação, Demarcação, Homologação, Desintrusão e Registros das terras indígenas;
- Nas áreas de retomada é necessário direito (saúde, educação);
- Violação dos modos de produção (caça, pesca e extrativismo), para soberania alimentar no território;
- Demarcação de terras com proteção do território, para permanência das famílias no local;
- Valorização da agricultura tradicional e familiar, com programas para soberania alimentar;
- Migração das mulheres indígenas para cidade, em busca de profissionalismo e geração de renda;
PROPOSTAS
- Promover a participação das mulheres indígenas na gestão das terras indígenas;
- Realizar de eventos de incidência e pressão política no poder público para a garantia do direito à terra dos povos indígenas.
direito à saúde, educação e segurança
DEMANDAS
- Saúde diferenciada as mulheres indígenas, com serviços de qualidade;
- Combate ao alcoolismo, drogas lícitas e ilícitas;
- Creches para as crianças (as mães em busca de autonomia/geração de renda);
- Falta de estrutura nas CASAIs, para atendimento de qualidade;
- Funcionários indígenas e bilíngue na saúde e educação;
- Garantia do parto tradicional, mesmo quando fora da aldeia;
- Garantia de unidade escolar (educação escolar indígena diferenciada);
- Nas aldeias urbanas, necessidade de infraestrutura para segurança, iluminação de postes, saneamento básico, transporte público, “asfalto”;
- Água potável e saneamento básico nas aldeias;
- Garantia do atendimento nos serviços de saúde na gravidez precoce;
PROPOSTAS
- Promover políticas diferenciadas de saúde da mulher indígena, dando acesso a atendimento médico, prevenção, exames e tratamento de problemas de saúde recorrentes em mulheres indígenas, como, por exemplo, o câncer de mama;
- Garantir o tratamento da adição as drogas e ao álcool nas aldeias;
- Aumentar o número de mulheres indígenas que atuam como agentes de saúde indígena;
- Garantir um mínimo de profissionais de saúde que tenham conhecimento das línguas indígenas dos povos com os quais trabalham;
- Dar a opção de parto tradicional às mulheres indígenas no SUS;
- Garantir a segurança alimentar dos povos indígenas;
- Garantir o fornecimento de água potável e de saneamento básico nas comunidades indígenas urbanas;
- Reconhecer e legitimar conhecimentos tradicionais da medicina indígena, colocando tais saberes em diálogo com
os saberes da medicina ocidental.
- Garantir o direito à educação bilíngue dos povos indígenas;
- Garantir as unidades escolares nas terras indígenas e a educação escolar indígena diferenciada;
- Promover o acesso de mulheres indígenas ao ensino público, especialmente a cursos técnicos e universitários;
- Ampliar as cotas para estudantes indígenas para os cursos e pós-graduação;
- Legitimar os conhecimentos tradicionais indígenas nas universidades.
direito à tradição, cultura e diálogos inter-geracionais
DEMANDAS
- Processos de resistência com diálogos entre gerações, para fortalecimento político e cultural;
- Juventude indígena com compromisso, para manutenção cultural;
- Reconhecimentos das lideranças mulheres, nos diálogos entre gerações;
- Transmissão dos conhecimentos tradicionais as mulheres jovens para valorização cultural (artesanatos, práticas culturais/danças, manutenção da língua materna “arma de defesa”);
- Valorização das mulheres indígenas como detentoras de saberes tradicionais;
- As mulheres jovens precisam saber da importância de continuidade aos processos da cultura e de defesa dos direitos dos povos indígenas e mulheres;
- Apoiar e fortalecer os diálogos inter-geracionais no viés do “histórico do movimento indígena, e no contexto cultural, para reconhecimento das lideranças mulheres;
- Valorização das lideranças tradicionais, intercâmbios de experiências, para fortalecimentos das mulheres jovens;
PROPOSTAS
- Promover espaços de diálogo e troca de experiências
inter-geracionais e multiétnicos;
- Buscar estratégias de salvaguarda do conhecimento
e do bem-estar de anciãs e detentoras dos conhecimentos tradicionais indígenas;
- Garantir o direito do ensino em sua própria língua na
educação indígena;
- Promover estratégias de divulgação dos conhecimentos tradicionais indígenas dentro e fora das comunidades, garantindo o respeito às regras específicas de circulação
e transmissão do conhecimento de cada povo;
- Elaborar mecanismos legais de proteção aos conhecimentos tradicionais indígenas, coibindo ao uso comercial indevido
dos mesmos por terceiros.
empoderamento econômico
PROPOSTAS
- Prover informações e garantir o acesso de mulheres indígenas às políticas sociais;
- Garantir o direito de mulheres indígenas à exploração sustentável de recursos naturais comercializáveis, assim como aqueles usados como matéria prima no artesanato;
- Fornecer creches para que as mulheres indígenas possam ter autonomia na busca por geração de renda;
- Promover a capacitação das mulheres indígenas para a entrada no mercado de trabalho de suas regiões;
- Promover a capacitação de mulheres indígenas em metodologias de cooperativismo e comércio, garantindo condições justas para o comércio de seus produtos;
- Valorizar a agricultura tradicional e familiar, com programas para o financiamento da produção agrícola e a soberania alimentar;
- Garantir que as prefeituras forneçam estrutura, espaço e segurança para que as mulheres vendam seus produtos.
comunicação e processos de conhecimento
processos de resistência
sustentabilidade e financiamento
formulação de uma estratégia de incidência política nacional e internacional para os direitos dos povos indígenas liderada pelas mulheres indígenas
A coleta da Pauta Nacional correspondeu aos itens 1 a 6. Os itens 7, 8, 9 e 10 foram temas sugeridos pelas entrevistadas ao longo desse primeiro processo, que precisarão ser aprofundados em demandas e propostas concretas numa etapa futura da coleta.